Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Aya
Consciente de que tempos intensos demandam arte intensa, Aya Sinclair é uma das artistas do momento nessa frente de batalha. Usa a visceralidade do ruído que contamina e das palavras que cospem vivências desafiantes num limbo entre a realidade, paranoia e sonho. Arranca-nos o tapete da zona de conforto debaixo dos pés para atravessarmos espaços imaginários de xamanismo futurista, eletrónica selvática e outros estranhos mundos dissociativos. A descoberta destes confins é real e traduz-se na sensação de escuta imersiva com uma ativação de sentidos aguçada e desconcertante.
O seu mais recente álbum hexed! afirmou-se como um dos documentos sonoros mais entusiasmantes do ano, tendo ganho destaque revista britância Wire. Em pouco mais de meia hora, aya entrega-nos um conjunto de hinos negros que urgem ser ecoados. Se no anterior im hole era sentida a camada gélida que cobria uma dormência emocional, este segundo álbum traz mais palpitação e espasmo à matéria. Cada elemento parece ser maximizado até ao limite do irreconhecível, trazendo novas morfologias.
No que respeita a temáticas, são muitos os fantasmas que assombram um disco robusto de tensão; a confissão da sua luta rumo à sobriedade, uma orientação de género sexual teimosamente não aceite pela maioria ou a complexa incerteza dos tempos que tornam todas as questões ainda mais agonizantes. Contudo, e ao contrário do que fazia prever, hexed! não dispensa momentos de euforia - ainda que distorcida segundo a alquimia da artista britânica. Paira uma atração pelo profano e pela magia do desconhecido em letras que reivindicam a condição feminina num mundo em crescente colapso. Encantos e desencantos levados para um cenário sónico com apontamentos ASMR e manobras industriais destiladas a ferro e fogo.
Nada disto fará mais sentido que em palco, libertando as feras e testemunhando uma das forças criativas do momento. Se vivemos ou não na era do antropoceno, a questão torna-se mais vívida que nunca. Um regresso imperioso. (Texto por NA).
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Serpente
Entidade de Bruno Silva - tcp Ondness, parte de Má Estrela ou do Fala Mariam 3 - cuja visão sublima a batida e a percussão nas suas dimensões rítmicas, texturais e tímbricas, recolhendo e reorganizando continuamente partículas da dança, do dub, do jungle ou do free jazz. Ao longo desta trajectória foi amealhando lançamentos em editoras como as londrinas Alien Jams e Ecstatic ou, mais recentemente, na Souk e Sucata Tapes, sublabels da Discrepant.
Abertura de Portas
21:00
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